Descrição

Ementa:

Escrita Criativa: romance, crônica e conto com o escritor João Almino.
Oportunidade rara, o curso é presencial, com vagas limitadas para permitir uma atenção especial do professor a cada aluno e será direcionado a quem desenvolve ou pretende desenvolver projeto literário, especialmente em prosa. O curso será eminentemente prático.

Solicita-se dos/as alunos/as que tragam, já para a primeira aula, um texto de cerca de 2 páginas ou um esquema de uma página sobre os quais queiram trabalhar.
Haverá a oportunidade de discussão dos textos em grupo, com participação do professor, em cada aula. Revisões ou acréscimos serão reapresentados nas aulas seguintes.

Em cada aula, o professor fará a introdução de alguns tópicos, também para discussão, dando exemplos extraídos de autores reconhecidos da literatura brasileira e universal.

Programação das aulas:

PRIMEIRA AULA
Apresentação do professor e dos/das alunos/as. Projetos e dúvidas principais.
Explicação pelo professor do ambiente ideal do trabalho e da dinâmica das aulas com vistas aos melhores resultados.
Tópicos para discussão:
Por que escrever ficção?
Para quem escrever?
Sobre o que escrever?
Da disciplina para escrever.
Rigidez com liberdade.
Refazer esquemas, planos, a estrutura, fundir ou dividir personagens.
Do método
O tempo que toma para escrever.
Sobre Cursos de Escrita Criativa
Começar por onde?
Como escreveu? Resposta de alguns escritores.
Diferença entre a emoção de quem escreve e de quem lê.
Construção de um mundo ficcional.
Experiência, memória, observação, pesquisa e imaginação.
Originalidade
Idiossincrasia
Ação, contexto, desenvolvimento, clímax, começo e fim

SEGUNDA AULA
Narrador/a ou narradores/as e sua importância.
Primeira pessoa? Do mesmo gênero que o autor ou autora? Diferente?
Segunda Pessoa?
Terceira Pessoa?
A autoficção.
Autoficção sem uso do “eu”.
Oralidade ou não.
Metalinguagem.
A escolha do narrador e a linguagem da narração .
O narrador é onisciente?
O narrador é confiável?
O narrador se dirige ao leitor?
Outros personagens.
Biografias a serem usadas ou não.
Pesquisa dos locais, dos tempos de deslocamento, dos mapas, escrita das biografias, detalhes que não aparecem na história explicitamente.
Da relação entre os personagens. Da tensão.
Tendências literárias
Sobre o realismo, o naturalismo, o barroco, o surrealismo e o romantismo.
Histórico? Qual época? Qual a duração?
De intriga amorosa?
De conotação política, social? A literatura comprometida.
Narrativa policial?
Verossimilhança vs verdade.
O lugar da fabulação
Lógica interna
O tempo ou os tempos da narrativa.

TERCEIRA AULA
Temas. Escrever sobre o que conhece, ou sobre o que quer conhecer
Enredo ou não?
Se enredo:
Começa com indício ou questão? Com o desfecho, que depois exige desenvolvimento?
Em que ponto começa a tensão ou a complicação?
Há suspense?
Há um clímax?
Pontos de virada?
Criar expectativas e evitar total previsibilidade.
Há ramificações na intriga?
Haverá um desenlace? Finais em aberto?
Lento ou rápido?
Escolhas do encadeamento.
Os silêncios ou omissões propositais.
A estrutura é cronologicamente organizada?
A dimensão introspectiva, reflexiva, própria da arte literária.
Linguagem.
O ritmo e a musicalidade.
Verbos e substantivos vs adjetivos e advérbios.
Precisão.
Ajuda de mapas, desenhos, fotos.
Não sufocar o texto com outro gênero
Figuras de linguagem: metáforas, metonímias, comparações (símile), hipérboles, personificação (antropoformização), ironia, eufemismo, antítese (uso de palavras ou frases com significados opostos para criar contraste), anáfora (repetição intencional de palavras no início das frases), elipse (no português do Brasil), pleonasmo (repetição desnecessária com vistas a ênfase), aliteração (repetição de sons consonantais no começo das palavras), onomatopeia (imitação de sons naturais ou de objetos; zum-zum, tic-tac).
Linguagem: o que evitar
Discurso direto, indireto e indireto livre.
Mostrar e não explicar.
Diálogos. A linguagem coloquial e diferenciada dos personagens. Emprego de gíria ou não?

QUARTA AULA
Concisão.
Os cinco sentidos.
Aspecto visual. Descrição direta? Descrição incluída indiretamente na frase?
A descrição como forma de criar um clima ou uma atmosfera psicológica
Complexidade e revisões.
O bem e o mal.
Bildungsroman.
Personagens complexos ou não. Evolução ou não dos personagens.
Como fazer as revisões.
Uso de espaço reservado ao final do texto. Seu conteúdo. Sobre o lixo provisório. Espaço para anotações e para textos a serem eliminados ou reaproveitados.
Uma simbologia para as revisões.
Lançar as ideias conforme venham e como organizá-las.
O que excluir ou incluir?
Limitações impostas pelo enredo, pelos personagens, pelo ambiente, pela história mesma. Quem decide o encaminhamento da história?
O que fazer com o bloqueio? Ler, rever, reescrever ou deixar o texto em repouso.
Métodos alternativos.
Sobre a Inteligência Artificial.

Currículo:

João Almino: Escritor e diplomata brasileiro, autor de oito romances. Tem também escritos de história e filosofia política, que são referência para os estudiosos do autoritarismo e a democracia. Tem doutorado em Paris, orientado pelo filósofo Claude Lefort. Ministrou aulas na Universidade Nacional Autónoma de México (UNAM), UnB, Instituto Rio Branco, Universidade de Berkeley, Universidade de Stanford e Universidade de Chicago. Parte de sua obra está traduzida para o inglês, o francês, o espanhol, o italiano, o holandês, o sérvio, entre outras línguas. Em 8 de março de 2017 foi eleito para a ABL para ocupar a cadeira 22 no lugar de Ivo Pitanguy.