Rogério Dias, um dos mais importantes artistas paranaenses contemporâneos, nasceu em Jacarezinho, no Paraná, quase na mesma época em que nasciam os murais de Eugênio Sigaud na Catedral da cidade.
Da geração pós-guerra, período em que as ideias eram transformadas em atos, palavras e imagens, o artista, revolucionário e irreverente, elegeu os pássaros para dialogar com a realidade.
As experiências acumuladas na juventude, como ator e cenógrafo nos anos 60, designer gráfico nas décadas de 60 e 70, associadas às pesquisas com formas e materiais em escultura, gravuras e objetos, contribuíram para que atingisse a maturidade artística e definitivamente subjugasse a realidade à liberdade de um estilo.
Impulsionado pela inquietação, Rogério Dias constrói seus pássaros, solitários ou às dezenas, em módulos sequenciais e os transforma em interlocutores críticos da realidade. Passivos ou agressivos, expressos por formas vigorosas e bem definidas ou em rápidas pinceladas apenas sugerindo as formas, que ainda assim são reconhecíveis, esses signos pretendem, mais do que tudo, apreender a realidade.
É sob essa perspectiva que se percebe a busca exemplar da similaridade empreendida pelo artista em sua obra. O que ele procura é uma semelhança essencial e não imitativa. E se é verdade que a cada nova época os artistas buscam diferentes estratégias para avançar até a realidade, então a similaridade precisa ser sempre reinventada para que se cumpra a função da arte.
As obras de Rogério Dias, em grandes formatos ou em pequenas e intimistas composições, ao mesmo tempo em que encantam também intrigam, colocando desta forma à disposição do observador a possibilidade da experiência estética na sua plenitude.
Maria Cecilia Araújo de Noronha, historiadora e crítica de arte
Texto retirado do livro “Pintores Contemporâneos do Paraná, volume 1”, editora Solar do Rosário, Curitiba, PR, 2001.