Ondas em sua marcha até à praia, nuvens bailando pelo céu, cores fortes. Partindo de um universo de sonhos marcados por imagens expressivas como estas, o decorador e artista plástico Lupércio Manoel e Souza apresenta sua nova exposição de pinturas, intitulada “Onirismo”.

Um quadro pintado por Lupércio na Itália e premiado no Festival Internacional de Arte de Espoleto, na região da Úmbria, deu origem a sua pesquisa para criação de suas novas obras, reunidas nesta sua segunda mostra individual. Inspirado pelo mundo dos sonhos, iniciou uma série de trabalhos que foram vistos por um dos curadores do festival de Espoleto. Entre 600 obras de todo o mundo, um quadro de Lupércio ficou entre os 10 premiados.

O início da pandemia, em 2020, trouxe uma paralisação na produção, mas de 2021 para cá Lupercio voltou a se dedicar ao tema. “O pensamento onírico é uma expressão utilizada nos manifestos e estudos sobre os sonhos. No meu trabalho, busca uma manifestação artística desligada da realidade, que expressa o meu mundo de sonhos retratado em cores transbordantes”.

Além dos sonhos, uma natureza em constante movimento marca seus trabalhos desta série, na forma de ondas, mares, nuvens e raios de sol. Estes elementos estão presentes na maior parte das 21 obras expostas no Solar do Rosário. Em vários formatos e tamanhos, foram criadas com técnica mista à base de tinta acrílica e areia. Este último elemento dá uma textura ainda mais viva aos trabalhos, que envolvem o olhar com cores fortes e pinceladas fluídas.

Carreira

Decorador, cenógrafo e designer consagrado, Lupercio realizou sua primeira exposição individual em 2019, também no Solar do Rosário, ainda em sua sede antiga, no São Francisco. Mas a pintura sempre fez parte de sua vida. "Aos 17 anos, comecei a pintar e, ao longo dos anos, acabei me dedicando à decoração de interiores e cenografia, mas nunca deixei minha paixão pela pintura de lado", conta. "Ao longo dos meus 35 anos de carreira, a cor sempre me guiou e me inspirou em tantos trabalhos". Em 2018, ele voltou a se dedicar mais à pintura, o que resultou na exposição “Abstratos”, inaugurada um ano depois.

Com a mostra “Oníricos”, Lupércio, aos 68 anos, segue em sua inquieta jornada criativa, mais uma vez em parceria com a galeria Solar do Rosário.

Fernando Rogério Senna Calderari (Lapa, PR, 1939) pintor, gravador, desenhista, escultor e professor.

Formou-se no Curso de Pintura da Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 1962 e no Curso de Didática Especial em Desenho na Universidade Católica do Paraná em 1963. Estagiou no ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1965) com Bolsa da Secretaria de Estado da Educação e Cultura do Paraná quando frequentou o Curso de Gravura em Metal orientado por Edith Behring e Roberto Delamônica que considera o período responsável pela sua aquisição de conteúdo: “a parte cerebral muito ativa e a parte criativa flutuando”, diz ele.

Nascido no planalto, Calderari apaixonou-se pelo mar, fato este que levou um crítico de arte da cidade de Varna, na Bulgária, a afirmar que sua obra é bem estruturada, mas deixava entrever vestígios de uma paisagem marinha. Fernando Calderari tira partido da tensão existente entre a figuração e a abstração. Opta pela abstração nos anos 60, mas os objetos nunca se afastaram totalmente. Era qualquer coisa como um afastamento para uma posterior aproximação, trabalha na mesma direção dos “expressionistas” abstratos (não no mesmo resultado) na descoberta da pintura, o uso dos grandes formatos e a pesquisa da técnica especificamente pictural, é um “entrar na pintura” ou como ele mesmo diz, “o espectador é o verdadeiro protagonista da paisagem”. É o “saber olhar”, o sapere vedere (e osare) de Leonardo da Vinci.

Durante alguns anos optou pela abstração da forma, não mais a forma como uma imagem definida, mas dissimulada preconizando simplesmente os valores plásticos da pintura. Nesta exposição optou-se por mostrar este momento da sua abstração madura e que corresponde à série de talhas – essas “novas figurações em paisagens” – e que tiveram origem na sua atividade de gravador. Associando gravura e pintura, começa a talhar e pintar seus quadros realizados sobre madeira: “A própria madeira trabalhada viria a me satisfazer muito mais – visto que a tela fofa não oferecia a resistência do material que se experimenta na gravura. Esta descoberta foi muito importante para mim porque sinto necessidade de fazer força, sou um operário no quadro, na parte estrutural – sem aquele refinamento da tela. Isso poderá vir posteriormente com as cores.” (Fernando Calderari, 1971).


A partir dos anos 1980, retorna à pintura em tela insinuando marinhas e que procuravam a luminosidade de uma paisagem não convencional à primeira vista. Os valores translúcidos, tênues e diluídos das cores e das camadas de pintura se aproximam dos pigmentos dissolvidos no meio aquoso da aquarela e assim assistimos a volta da imagem marinha e em seguida, pouco a pouco, a imagem se torna mais definida, se afastando lentamente da abstração.

Das cores sólidas das talhas – azul, verde, cinza, vermelho – surge a explosão do branco da espuma, do azulado do céu e do esverdeado do mar. A correspondência entre a cor e a imagem: cores sólidas e puras da terra, da vegetação, do céu e as cores diáfanas das nuvens, da bruma, da espuma: as talhas e as aquarelas. “A analogia é a ciência das correspondências” disse Octávio Paz, e a cor, como experiência de vida, se estetiza em poesia na obra de Fernando Calderari.

Sempre procurou caracterizar a sua pintura graficamente, mas que não perdesse o seu caráter de pintura, daí portanto a aquarela; sai de um esquema sintético figurativo e, por vezes, vai se afastando dele, mas conservando os valores plásticos e a composição harmônica de forma que o espectador se sinta integrado na pintura, que seja ele o “verdadeiro protagonista” de uma obra lírica e que é um elogio da cor e do espaço fluido sempre em transformação.

Segunda a sexta: 9h às 20h
Galeria de Arte das 9h às 19h

Sábado: 9h às 13h
Galeria de Arte das 10h às 13h
O Solar do Rosário é um espaço particular de arte e cultura desde 1992. Direção: Regina Casillo e Lucia Casillo Malucelli
Rua Lourenço Pinto, 500, 7° e 8° andar - Curitiba - PR - CEP: 80010-160

+55 (41) 3225-6232 +55 41 98803-4634 +55 41 98803-8089
Solar Do Rosário Cursos Artísticos Ltda - CNPJ: 09.601.045/0001-96
Fale conosco
userclosechevron-downshopping-cartbars linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram